Psicoterapia Escolar e Bullying

          Para abordar esse tema, é inevitável comentar algo sobre minha vida pessoal. Eu sofri bullying dos 6 aos 12 anos de idade e a necessidade de aceitação me perseguiu durante boa parte da minha vida.  Talvez, por esse motivo, desde minha formação como psicóloga, quis atuar para ajudar crianças e adolescentes que sofrem com esse mal. Mais do que ajudar, eu desejava, de alguma forma, contribuir para a diminuição efetiva desse fenômeno que pode causar grandes prejuízos físicos e principalmente, emocionais. 

          Na minha trajetória profissional me aperfeiçoei em Bullying Escolar que, inclusive, me rendeu um convite para participar da Comissão Anti-bullying da OAB-SP, infelizmente extinta em 2019. Essa extinção me faz perceber que o fenômeno não é levado a sério, mas esse mal existe, deixa marcas e precisa ser cuidado. Hoje, além de praticar na psicologia clínica, em consultório, auxiliando crianças e jovens que sofrem, eu atuo em escolas de maneira preventiva. 

          Geralmente quando pensamos em Psicologia Escolar, nos vem a mente algo de caráter remediativo, de resolução e orientação de alunos “problema”. Infelizmente, esse pensamento, ainda é muito forte nas escolas. Porém, acredito piamente que, no caso de Bullying, agir de forma preventiva é muito mais eficaz. Em diversas escolas estou inserida desde o desenvolvimento do currículo escolar anual até o término no ano letivo. Junto com a diretoria, coordenação pedagógica e corpo docente desenvolvemos ações para o combate ao Bullying. Ações essas, que utilizam linguagem lúdica, respeitando a fase de desenvolvimento que a criança se encontra. Que vão desde a educação Infantil até o Ensino Médio, onde projetos, palestras, workshops entremeiam-se compartilhando conhecimento e aprendizado.

          Além disso, a psicologia escolar, além do foco no aluno, tem um olhar cuidadoso voltado à equipe escolar. Educadores, professores, coordenadores, secretários, auxiliares, porteiros entre outros, são vistos como indivíduos essenciais inseridos na rotina e formação do corpo discente e seu bem estar é essencial para todo e qualquer processo.

          Os resultados que colhemos ao longo do ano, com nossas ações e práticas são extremamente positivos e eficazes e nos trazem mais certeza de que é o caminho mais compensador. Insisto que ainda há uma dificuldade grande de estar inserido nas escolas com um papel preventivo, mas a instituição de ensino que enxerga o psicólogo como alguém essencial à equipe escolar, ganha muito mais do que meu respeito, ganha meu coração e total dedicação.